sábado, 4 de abril de 2015

TRANSAMAZÔNICA CHALLENGE 2015 TAC

TAC 2015 




Chegamos a Juruti e desembarcamos e no porto meu amigo Jeferson me esperava para poder levar o Alternador e verificar se o rolamento que haviam separado era o correto e fazer a troca. Fomos ao Hotel, reservamos os quartos e saímos para almoçar, nesse meio tempo o Sol foi diminuindo e ao retornar ao Hotel desmontamos o Alternador e Jeferson levou para o eletricista trocar os rolamentos.  Fiquei ali no hotel fazendo o relato e logo depois chega Magal, que é sempre nosso guia pelas estradas da região com a noticia de que somente um dos rolamentos serviu no alternador e que teria de ver no comercio na segunda-feira pela manhã.

Logo cedo fomos atrás do rolamento, infelizmente não encontramos e foi pedido de Santarém, chegaria somente às 19:00hs de lancha e ai aproveitamos o dia para arrumar os carros, comprar mais cerveja e carne para o percurso. Quando deu 20:30hs chegou meu alternador, fui montar com a ajuda de Leandro e Meia-foda e lá pelas 22:00hs começou uma tempestade na cidade, nada de internet, celulares e tv via satélite, a chuva era tão forte que impedia uma conexão via satélite satisfatória, mas trazia um bom presságio para um belo dia de trilha.

Partimos cedo, o dia estava amanhecendo e chegamos no posto, comprar gelo abastecer as motos de Magal e Jeferson, nossos guias pelo novo roteiro e partimos. Cerca de 15km depois de Juruti as luzes do painel da Hilux acenderam, alternador não estava gerando satisfatoriamente, segundo Magal o eletricista que trocou os rolamentos também trocara as escovas de grafite e eu sabia que as escovas genéricas tendem a travar, então esse era minha suspeita e ao invés de retornar resolvi na estrada mesmo tentar arrumar e desmontei o alternador foi quando percebi que uma das escovas havia partido o fio de contato e como tinha fonte de 220v e ferro de solda fiz a substituição por novas escovas de reserva e soldei os contatos. Algum tempo perdido e seguimos.

Mais 45km e chegamos na nova trilha, em pouco tempo estávamos enfrentando atoleiros e uma estrada extremamente escorregadia, foram belas horas de divertimento, inclusive parte dessa nova estrada eu já havia enfrentado em 2012, pois leva até a Galileia, uma comunidade no caminho para Parintins, que na verdade era nosso objetivo, mas como chovera muito e um rio que precisaríamos construir uma ponte estava muito largo desisti e deixei para fazer essa estrada em 2016 como sendo a grande aventura na selva para o próximo ano. 

O dia foi de muita lama, escorregando, quase atolando e em duas ocasiões Baiano atolou com o Troller, algo que não viria mais acontecer, afinal o pé agora era no fundo do acelerador. Mais alguns quilômetros de lama e o alternador da L200 de Meia-foda parou de gerar, famoso problema crônico das L200 e ai passamos novamente, como acontecera na BR 319, a rodar algum tempo e parar para recarregar a bateria da L200. Lembrei que quando fui consertar meu alternador na estrada Meia perguntou por que não comprei um de reserva, sendo sarcástico é logico, afinal esse é um problema das L200 e não da Hilux, embora a minha já está nos 400 mil km de estradas, aproveitei e fiz a mesma pergunta para ele, que fez uma carinha de cachorro triste, afinal estava rodando sem ar-condicionado, sem o freezer e sem som, uma verdadeira lastima. Pouco tempo depois a luz do painel da minha Hilux mostrou novamente haver problema com meu alternador, mas depois apagou. 

Continuamos rodando até o fim da tarde, curtindo aquela trilha nova e uma paisagem fantástica no meio da selva, e perto dás 17:00hs paramos em uma Madeireira, que no inverno para as atividades ficando apenas o pessoal de manutenção das maquinas e os que tomam contam dos galpões e nos ofereceram o local para utilizarmos a estrutura de banheiros e usar um galpão para colocarmos nossas barracas e passarmos a noite. Aproveitamos e fomos desmontar o alternador da L200, poderia ser que a lama tivesse impedindo de gerar, Leandro e Meia retiraram o alternador e fizeram uma limpeza, infelizmente esse modelo necessita de um retentor novo quando se abre e não pudemos fazer essa parte, caso contrario vazaria óleo do sistema posteriormente a montagem, no final não deu certo, somente em Itaituba iriamos resolver esse problema. 

Fizemos um churrasco, arrumamos as coisas e o cansaço nos venceu. Baiano dormiu na barraca de teto do seu Troller, Gustavo achando o galpão quente dormiu em sua barraca de chão e Eduardo também achara quente o galpão resolveu dormir na carroceria coberta de lona de um caminhão da madeireira, assim ficaria longe do chão e não se preocuparia com onças, embora alertei que iria chover de madrugada e ele teria de sair as pressas, dito e feito, mas sem antes às 0:00hs tomar um grande susto, foi quando chegou uma L200 na madeireira cheia de homens que vieram buscar uns equipamentos e parou de frente ao caminhão onde Eduardo dormia, no dia seguinte confessou que achava ser ladrões e que morreria ali mesmo, falei que se ele tivesse no galpão não seria o primeiro a morrer. Rsrsrsr!!! 

Voltando a nossa noite no galpão da Madeireira, cerca de 03:00hs começaram os relâmpagos fortes e muito trovões, preludio de uma bela madrugada de tempestade, nada como uma bela noite de trovões e relâmpagos para se dormir bem, afinal encobriria o ronco de Leandro, que nesse exato momento que escrevo está aqui roncando feito um porco, como diz o Matteo “serjon esse Liandro é doente!!!” rsrsrsrs!!! 

Choveu a madrugada inteira, o dia amanheceu e continuou a chover, começamos a nos movimentar para preparar o café e tome chuva, saímos mais de 10:00hs e ainda chovia um pouco. Partimos em direção a Itaituba, logo que liguei meu carro as luzes informavam que meu alternador não estava 100%, mas segui mesmo assim e a L200 de Meia tomando recarga a cada 1 hora de trajeto. Nos deparamos com muita água, a estrada de manejo estava com poças enormes devido a quantidade de água que caíram por horas e ainda pegamos uma arvore caída na estrada, mas o mesmo pessoal da L200 que assustara Eduardo estavam voltando para a Madeireira e já estavam finalizando o corte da arvore caída. 

Seguimos com Magal e Jeferson até a Aldeia dos índios Aracati e de lá nos despedimos, agora era seguir em frente para Itaituba, o caminho eu já conhecia de olhos fechados. Seguimos em frente, passamos pela madeireira que dormira no ano anterior, mas ainda era cedo e entramos no trecho de mata fechada pelos próximos 50 km até chegar a uma fazenda que nos anos anteriores havia conversado com seu proprietário, um Senhor de idade Guacho, gremista, que havia tomado posse da terra e estava organizando a pequena fazenda, como já era quase cinco da tarde e não poderíamos rodar a noite com o problema no alternador da L200 e o da Hilux sem gerar direito, resolvi pedir dormida ao fazendeiro, mas para minha surpresa o local parecia abandonado já algum tempo, mato crescido e sem vestígios de movimento ao redor da casa.

Como ainda teríamos dezenas de quilômetros de mata fechada, aquela casa seria uma ótima guarita para nossa noite, terraço grande que dava para armar as redes e colocar as barracas nos resguardando de chuvas e cobras e além de ser uma área desmatada em um perímetro que nos protegia da queda de uma grande arvore ao nosso redor, algo que teríamos problema na mata fechada, então decidi que iriamos acampar ali mesmo. 

Para nossa surpresa a casa parecia ter sido abandonada as pressas, ou então alguém que saiu e deixou tudo para trás, começamos a especular o que poderia ter acontecido, afinal estava tudo lá, saco de sementes, adubo, uma TV um som, cama feita, pratos para lavar, caixa d´água cheia, procuramos o gerador para ligar a bomba, mas o mato estava grande casa a baixo e pedi para que não fossem verificar, com receio de cobras. Pessoal começou a arrumar os cantos para dormida, armar rede e nesse meio tempo tirei meu alternador novamente e verifiquei que um dos carvões havia sumido, possivelmente arrebentou e foi digerido pelo alternador, como tinha guardado os que troquei no dia anterior substitui um deles e pronto alternador zerado novamente. Ai começou mais um churrasco com cerveja e muita conversa e uma delas era especulando o que acontecera com o velhinho gremista, muitas eram as possibilidades, desde uma doença que o fez partir sem levar nada, a um mal subido na mata e ali ficara, um ataque de onça e por ai vai, quem sabe no próximo ano descubro algo, ficou a incógnita do que acontecera. O grande problema desse dia foi conseguir dormir, afinal o terraço suspenso era pequeno e concentrou todos os roncadores no mesmo lugar, Leandro e Irmão, zequinha do Eduardo, disputava, quem roncava mais alto, além da flatulência comunitária, Baiano também resolveu entrar na disputa, além de Carlão, vulgo Zé Pequeno, mas de longe Leandro tomava a frente na disputa, e eu ali, na rede junto desses motores dois tempos desregulados, passava mais uma noite de pouco sono.

Não choveu nessa noite, mas o dia amanheceu bem agradável arriscaria dizer que fez até um clima bom para dormir, pena que a barulheira do ronco não contribuiu para um sono melhor, mas tudo bem faz parte da expedição e logo Baiano e Leandro estavam fazendo nosso café da manhã, aliás foi um dia especial, pois Baiano estava aniversariando e comemorando seus 50 anos de uma forma que ele queria muito, no meio da Amazônia. Bateria da L200 de Meia recarregada e partimos em direção a Itaituba, muita mata fechada ainda e depois o estradão escorregadio e cerca de 100km para chegar em  Itaituba, Meia enfiou o pé no acelerador, afinal no dia seguinte seria sexta-feira Santa e seria difícil consertar o alternador e após uns 40km de estrada cheia de buracos e erosões chegamos em Itaituba, pessoal  foi pro Hotel, Meia arrumar a L200 e eu fui trocar os pneus pelos de asfalto para seguir no dia seguinte até Alter do Chão. À noite nos reunimos no restaurante do Hotel Apiacás, onde sempre ficamos em Itaituba e comemoramos o aniversário de Baiano, depois todos nos quartos, cansados dos dois dias e meio de mata e nos prepararmos para partir no dia seguinte e nos despedir de Meia-foda e Carlão, pois na interseção da BR 163 eles retornariam para São José dos Quatro Marcos e nós continuaríamos para Alter do Chão. 

Na manhã seguinte aquela emoção de sempre ao me despedir do amigo Meia-foda, algumas amizades que fazemos na vida são realmente verdadeiras, essas amizades eu designo irmandade, então considero Meia um irmão. Carlão, ou Zé Pequeno, também é uma nova grande amizade, me despedindo e sentindo falta dos meus amigos. Pegamos a estrada para Alter do Chão, para minha surpresa muitos trechos asfaltados, o que fez render a viagem e outros ainda por fazer, mas com certeza aos poucos a 230 vai se vestindo, mesmo com asfalto de espessura ínfima ao que deveria ser feito, o que resultará brevemente em estrada esburacada, mas o governo do PT nos últimos oito anos têm realmente cuidado dessa estrada. 

Em determinado trecho tivemos que ajudar a puxar um caminhão baú atolado, parece que toda sexta-feira Santa fazemos essa boa ação, na verdade parceria é o que importa nessa estrada, muitos passam dias quebrados ou atolados esperando ajuda. Pegamos uns bons Kms de chuva e chegamos a Rurópolis no começo da tarde, uma parada para almoçar e seguimos para Alter do Chão por um atalho via Belterra, o que deixou o pessoal do Maranhão encantado com a cidade, afinal era uma verdadeira cidade americana no meio da região Amazônica. 

No caminho de Alter uma parada para um belíssimo pôr do Sol na beira do Tapajós, uma imagem fantástica registrada pelas câmeras e celulares, e agora como sinal de celular tem em tudo que é lugar em poucos segundo já estava na internet. Saímos logo depois em direção a Alter, faltando menos de 15km para chegar o pessoal do Maranhão, Eduardo, Baiano, Gustavo e Irmão recebem uma notícia estarrecedora, alguns amigos saíram de São Luis para fazer o percurso de Manaus pela BR 319 e retornar pela Transamazônica até em casa e estavam se comunicando através de mensagens e a informação era de que um dos amigos havia falecido em decorrência de afogamento no Rio Mata-mata, depois do Apuí – AM, foi um choque, principalmente para Eduardo, pois era amigo pessoal do que havia sofrido o afogamento e para piorar estava desaparecido a mais de três horas, além de que o filho adolescente presenciara o acidente, foi realmente um choque para todos, inclusive para nós, eu e Leandro, afinal estamos esses anos todos pela região e sabemos dos perigos que enfrentamos e do quanto devemos respeita-los. Chegamos a Alter tristes com o acontecido, Eduardo completamente transtornado, tanto que decidira que no dia seguinte iria partir de volta para casa.

Encontramo-nos no café da manhã, Eduardo havia decido aguardar, na noite anterior eu conversara com a pessoa que estava organizando a expedição dos Maranhenses e dado algumas informações sobre o retorno, possivelmente o grupo que está retornando nos encontrará em Uruará no domingo a noite. Fui até Santarém fazer alinhamento e cambagem da Hilux, o pessoal foi dar um passeio e nos encontramos novamente para almoçar na beira do Tapajós e organizar nossa saída, programada para domingo às 07:30hs, próximo destino TransUruará, que segundo o pessoal do jipe clube de Santarém está uma bela poça de lama e iremos nos divertir na última etapa da TAC2015. 


Nenhum comentário:

TRANSAMAZÔNICA CHALLENGE 2011

Correio Técnico...

Tem alguma dúvida? Quer saber sobre algum assunto 4x4?
Mande um e.mail para: duvidas@transamazonicachallenge.com.br