quinta-feira, 12 de março de 2015

TAC 2015 - Transamazônica Challenge Fase 01

TAC 2015 - Fase 01 

Humaitá – Manaus

No sábado começamos a nos organizar para partir em direção a Manaus pela BR 319, estávamos esperando Guilhermo e Ricardo, argentinos que irão participar da Fase 02 (Serra do Sol), chegarem e partirmos. 

Logo cedo Sávio me chama informando que seu Troller, modelo novo com 8.400km, só engatava a Ré e o neutro e mesmo assim com dificuldade. Reboquei até a Sana, oficina em Humaitá que cuida de nossas viaturas, quando Mike, mecânico da oficina viu disse que nem sabia para onde ia, afinal era um modelo novo e nunca vira antes, começamos a organizar para chamar a seguradora e Sávio e seu zequinha, que ficou apelidado de “chupa cabra”, seguissem  em nossos carros e depois retornariam de avião, nesse meio tempo Sávio ligou para a autorizada Troller em BH, onde comprou seu carro e o chefe da oficina orientou retirar o painel do câmbio e verificar o trambulador. Quando abrimos verifiquei que o local do trambulador e da haste das marchas era uma piscina de lama seca, então observei que a haste não fazia os movimentos, limpamos o local e pronto, as marchas começaram a engatar, resumindo, um erro de projeto do Novo Troller, a lama que vai por baixo se acumula nessa piscina, endurece e pronto, temos um veículo sem poder passar marchas, esse era o segundo problema do Troller, visto que na ida a Lábrea o amortecedor de direção arrebentou e tivemos que retirar fora, além de que quando se buscou peças de reposição básicas como pastilhas de freio, correias, bieletas e buchas a autorizada não dispunha de absolutamente nenhuma delas para venda, e olha que foram vistos em vários concessionários da marca, fora isso o Novo Troller estava com excelente desenvoltura no Off Road. 

As horas foram passando, fechamos a conta no Hotel Correa e seguimos para a churrascaria almoçar, 16:00hs e nada dos Argentinos, voltamos para o Hotel, demos entrada novamente e meia hora depois os argentinos chegaram, segundo eles haviam sido colocados para fora da estrada três vezes por carretas e o transito estava intenso na estrada para Porto Velho, agora já era tarde, assamos carne e tomamos cerva para no dia seguinte pegar a 319.

Saindo para Manaus

Colocar o pessoal cedo para sair é sempre uma complicação, sempre existe atraso, eu trabalho com a folga de tempo, mas às vezes confesso que me estresso com isso, pior quando o atraso vem da equipe de apoio. Sai do Hotel cinco minutos depois do que estipulei, depois fomos ao posto, alguns precisavam comprar gelo e 07:30hs pegamos rumo da 319, meia hora atrasados, para desespero de Matteo, que com sua pontualidade fica nervoso com o atraso das pessoas.

Após nossa oração matinal pelo rádio começamos a gerar expectativas quanto ao caminho, pessoal buscando atoladores, mas nem sabiam o que teriam pela frente, nós da organização conhecemos de cabo a rabo aquela estrada, sabemos que algumas coisas podem mudar de uma chuva para outra e que as noticias eram de que a estrada estava boa, o que se mostrou verdade, pelo menos no começo,  mas a paisagem para quem já andou pelo 319 é única, imagine para quem está indo pela primeira vez. Até a Realidade, pequeno povoado, que a cada ano cresce mais e mais, foram 100km de tranquilidade, poucos buracos e muita conversa boa no rádio e expectativas em geral e muitas fotos da paisagem.

Depois da realidade encontramos alguns trechos lentos, buracos e também alguns atoladores, nessa Marcão inaugurou o dia e atolou, tiramos maior sarro com Marcão. Às 17:00hs paramos para acampar em uma das torres da Embratel ao longo do caminho da 319, parei cedo para poder organizar melhor o acampamento, já que normalmente só parava ao anoitecer o que comprometia um pouco a curtição do momento devido a fadiga do trajeto. Nesse dia foram 220km percorridos.

Embora tenhamos parado cedo à maioria estava com fome, já que não tivemos uma pausa para o almoço e por isso correram para armar suas tendas e barracas e fazerem sua janta, nesse meio tempo Eu e Meia-foda preparávamos o farnel da organização e de quem chegasse para se juntar ao churrasco. Uma macarronada com uma panelada de contra filé e frango foram a entrada, seguido de um churrascão de primeira com muita cerveja e pinga, noite a dentro de muita conversa, céu estrelado e muita emoção por partes dos que estavam pela primeira vez em suas vidas vivenciando uma experiência como aquela.

A noite foi longa na resenha de muitas histórias e musicas para acompanhar até que o cansaço derrubou o ultimo dos resistentes, então o som da euforia deu lugar aos sons da mata e dos trovões que anunciavam uma grande chuva se aproximando. Raios e trovões por algumas horas fizeram daquela noite um dia perfeito de acampamento, ao som de Simon e Garfunkel em meu iPod observava de minha rede o que me motivou a estar novamente aqui, vivenciar toda essa maravilha e fazer novas e grande amizades. 

A chuva passou, e o som que se escutava agora era a sinfonia dos roncos, alguns batiam recordes de decibéis, o dia amanheceu e como em um formigueiro iniciou o frenesi do acampamento, desmonta barraca, arruma carro, prepara o café da manhã, fotos, conversas, água fervendo, cuscuz com charque na turma do nordeste, filado pelos Argentinos, comida Peruana na barraca do Raul e Jessika, Macarrão pronto no pessoal do Rio, como dizia Marcão, o Edson (apelidado de Vovô Carioca), estava matando sua prole e seu amigo João com comida pronta.

Tudo pronto, carros arrumados, Torre limpa, lixo recolhido e simbora! Vamos seguir rumo aos próximos obstáculos. Ai começa uma sucessão de buracos, estrada acabada, mais muito bonita, deslumbrando quem passava ali pela primeira vez, ai tivemos alguns trechos com lama, atolada de Marcão novamente, Troller do Sávio e os Argentinos na Hilux e a estrada nada de render, além de perdermos um tempo desatolando, o pneu estepe da Triton de Jalisson se soltou do suporte no meio de um atoleiro, assim chegamos a uma torre cerca de 17:20hs, iria entrar pela noite, só tínhamos rodado 100km, ou seja, tínhamos ainda uns 250km até o asfalto de verdade. 

Então resolvemos acampar nessa torre, seria nossa segunda noite acampada, além disso, tínhamos a L200 de Meia-foda sem alternador, fim de bateria e morreu, então seria ali mesmo nosso pouso da noite. Para nossa sorte a torre estava habitada com dois funcionários da empresa de manutenção que nos receberam muito bem, com a vantagem de ter um poço com bomba para nos banharmos melhor e poder lavar o alternador da L200 e quem sabe assim voltava a funcionar. Fornecemos diesel e o gerador da iluminação ficou ligado até às 22:00hs.

A noite foi de mais um churrascão, carvão estava húmido, então após fazer minha panelada com Macarrão italiano fornecido pelo Matteo e Fred e misturado com meu picado especial de carne, fui assando as carnes na chapa do nosso fogão portátil. Cerveja, Campari, Pinga boa e pessoal se recolheu cedo, afinal cinco da manhã era o despertar para poder fazer o dia render.

Acordei de madrugada para urinar, passei pela tenda onde estavam Leandro, Willy e Meia-foda na rede e me perguntei como Meia aguentava aquela dupla de motores desregulados, Leandro e Willy, mais tarde soube que ele não aguentou e no meio da madruga acordou e montou sua barraca, encheu seu colchão e foi tentar dormir longe. As cinco da manha começou a movimentação do pessoal, Willy e Leandro roncavam como doentes, fizemos até filmagem, sinceramente não sei como é possível eles próprios dormirem com tamanha barulheira, às vezes quem está escutando pensa que estão morrendo, algo fora do comum, pelo menos espanta as onças.  

Movimento intenso, todos prontos para sair e dei uma carga na bateria da L200, uma entre várias no caminho até Manaus. Pegamos estrada, estávamos a 110km do Igapoaçu, 110 km de muitos, muitos buracos, alguns atoleiros e muitas pontes destruídas, oferecendo bastante perigo nas travessias. Marcão foi desafiado pelo Edson Bailune em sua Full e terminou atolando, foi uma zona só! Estrada cansativa, alguns atoleiros básicos, mas os buracos foram exaurindo nossas forças, cansaço e graças às preces estava nublado, pelo menos reduzia a sensação térmica dentro dos carros. E as horas foram passando e finalmente chegamos ao Igapoaçu, pegamos a balsa, reabastecemos os veículos com o diesel extra que levamos e seguimos para o Castanho, 150km de estrada boa, mesmo o trecho sem asfalto, como não choveu esses dias estava uma piçarra compactada, ai os veículos renderam a foram aos poucos se aproximando do Castanho. Uma pena, pois esse trecho com chuva é sempre de grande atoleiros e nos diverte. 

Na saída da balsa Matteo seguiu na frente, tinha uns compromissos em Manaus, inclusive trocar o parabrisa explodido pelo Leandro Osaminha, demais seguimos em comboio com a intenção de dormir no Castanho e na manhã seguinte lavar os carros para depois pegar a balsa em direção a Manaus. 

Todos acordaram cedo e foram lavar suas viaturas, tirar a lama, dar uma organizada, afinal os veículos que iriam continuar na Fase 02 precisavam ir para a oficina revisar e os que iriam embora serem deixados nas transportadoras. Saímos do Castanho cerca de meio-dia e o grupo se dividiu em duas balsas para Manaus, a de 14:00hs e a de 14:15hs, estava assim oficialmente finalizada a Fase 01 da TAC 2015.

Quando resolvi dividir este ano a TAC em três fases estava buscando oferecer três configurações diferentes como opção de Expedição, assim quem curte mais lama não precisaria enfrentar 30 dias ou mais de expedição, quem curte mais desafios de altura e erosões idem e quem quer curtir mata fechada e abertura de estradas também, ou seja, além de reduzir o tempo de uma forma geral para os que participam, reduziria assim o número de veículos por trecho, o que facilita e muito o deslocamento e a logística, e também a redução dos custos de quem participa. Não sei ainda como será até a finalização da TAC 2015, mas para a primeira fase foi acima do esperado, com a fluidez do grupo, evitando a fadiga dos participantes, já que para nós que estamos acostumados há passar mais tempo nesse ritmo é apenas mais uma grande aventura. Não sei se foi o grupo em si que era show, todos companheiros, brincalhões, sem frescuras e por ai vai, que fez com que não tivéssemos nenhum conflito, algo normal nessas expedições ao longo do percurso longo, ou essa formula de reduzir o tempo para os que participam, só sei que a Fase 01 foi perfeita, talvez faltado um pouco de lama em Lábrea, mas ninguém manda na natureza, mas com certeza foi proporcionado a todos visuais fantásticos, risos a mil e experiências únicas, resumindo, com a ajuda de Deus e de todos tudo ocorreu perfeitamente bem, sem nenhum incidente. Agradeço a todos os participantes por dias fantásticos e já com saudade de todos. Ano que vem, quem sabe reencontro essa turma. Obrigado amigos: Sávio e Reinaldo; Fred e Filipe; Edson e João; Jalisson e Galindo; Matteo e Carlo; Willy e Valdir, Zequinhas da organização que trabalharam com afinco e ajudaram muito, um agradecimento especial a Willy que estava sempre presente para ajudar os carros atolados ou avariados e a Valdir por além de ajudar estar sempre registrando tudo e fazendo seus comentários hilários para nos divertir, essa dupla foi show!!!

E vamos em frente para a Fase 02 com: Raul e Jessika; Guilhermo e Ricardo; os novos integrantes que estão chegando e claro nossa turma de sempre: Matheus (Meia-foda), Leandro e Marcão. Simbora que dia 15 caminhamos para Serra do Sol, Vamos que Vamos!!!

2 comentários:

Barbosa disse...

Sérjão!
Seus relatos levam o leitor pra dentro da aventura junto com vocês!
Parabéns meu Amigo!

Vamos ver se ano que vem JUJU e Simetria participam da Fase 01!

Abraços e Boa Aventura!

ELISEU - STA MARIA/RS disse...

Serjão, show de bola, mais uma vez... Mas parece que o trecho entre Humaitá e Lábrea piorou. Dá uma olhada: http://www.rondoniadinamica.com/arquivo/jipeiros-de-rondonia-isolados-no-sul-do-amazonas-sao-resgatados-pela-17-brigada,88957.shtml

Boa viagem!

TRANSAMAZÔNICA CHALLENGE 2011

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