Aventuras... Desventuras de uma Trilha!

Quando procuramos encrenca e aprendemos com ela!

Na quinta-feira (20/08) o empresário mineiro, conhecido pelos amigos como Mirim, estava em São Paulo cuidando de um incidente com veículo de sua empresa, quando verificou em seu GPS a marcação Buraco do Camel! Para os que não conhecem o Buraco do Camel possui este nome porque em 1989 a organização do Camel Trophy, veja a página brasileira do projeto clicando em: Camel Trophy BR, fizeram uma previa para os participantes nessa trilha no meio da mata e por isso ficou conhecida por este nome. No youtube tem vários vídeos, bastando digitar o nome na ferramenta de busca.

O Mirim ao ver no seu GPS a marcação da trilha não pensou duas vezes, pegou sua Pajerinho GLS-B com motor MWM e foi sozinho, ou seja, sem nenhum outro veículo acompanhando, algo não aconselhável, ainda mais quando não se conhece o caminho. Na Pajerinho o Mirim e seu zequinha Matheus, meteram a cara na trilha e seguiram em frente enfrentando os atoleiros e dificuldades, registrando com fotos. Com toda a dificuldade da trilha foram avançando até que no meio do caminho a Pajerinho tombou e ainda por cima ficou sem embreagem. Nesta hora já era quase seis da noite, pra quem entrou na trilha às 9:40hs da manhã a coisa ficou complicada. Começou a chover e não tiveram mais o que fazer, dormiram no carro, sujos de lama, sem comida nem água. Frio e muita chuva. Na manhã de sexta-feira saíram andando a pé por 12 km em direção a saída da trilha, se perderam na mata e encontraram um morro, onde conseguiram sinal de celular e chamaram os amigos pro resgate.

Duas da tarde da sexta-feira chegaram à entrada da trilha os amigos Jorge, Telmo de zeca e Renatão Rocha em dois Trollers e começaram o caminho até a Pajerinho. Neste meio tempo eu tinha recebido através de e.mail, repassado por um amigo, a informação do pedido de resgate feito pelo Mirim e jogado na net através do Paulo Bitencour. Ao ler entrei em contato com o meu amigo João Chikui, dos Cabeçudos Off Road, conhecido entre os amigos como JoãoPoneiz. O João é um profundo conhecedor da trilha, além de um off Road de muita experiência e especialista em resgates. Não teve dúvidas, pegou seu JPX, junto com o seu amigo Lula em um Samurai e um grupo de resgate a pé e se embrenharam na trilha. Ambos os grupos chegaram praticamente juntos na Pajerinho e teve inicio o resgate.

Eram seis da tarde da sexta-feira quando começaram os trabalhos para resgatar da trilha a Pajerinho. Saíram do Buraco do Camel às cinco da manhã do sábado com o saldo de um Troller com a tração dianteira quebrada, JPX com um pneu destalonado, Samurai bebeu água e ferveu na saída na trilha. Muito trabalho, fome e principalmente muito frio por mais de 12 horas de trabalho ininterruptos para sair da trilha e no final, novos amigos e muita história pra contar.

O Mirim contou que apesar do erro de tentar enfrentar uma trilha desconhecida e sozinho, o que aconteceu foi de muita valia, já que aprendeu diversas lições:
- não se deve enfrentar uma trilha com apenas um veículo;
- não se pode confiar 100% em seu equipamento;
- ter sempre botas no carro, caso resolva entrar em uma trilha, pois seus sapatos não agüentaram e esfolou as solas dos pés caminhando descalço na trilha;
- que o frio pode ser um grande inimigo;
- que a solidariedade entre os jipeiros é maior do que pensava;
- acima de tudo que uma aventura pode se transformar em um pesadelo.

O resgate do Mirim e sua Pajerinho mostrou como é perigoso enfrentar uma trilha com apenas um veículo, isso levando em conta que a trilha fica próxima a estrada, ou seja, mesmo sem celular ou rádio, uma caminhada de algumas horas foi possível conseguir ajuda, mas imaginem uma aventura em um local que fique a centenas de quilômetros de algum ponto de apoio e sem comunicação! O Importante em qualquer aventura é o planejamento. Que sirva de lição para todos nós. Em 2004 fiz sozinho o Parque do Taim e a estrada do inferno no período de chuvas, em minha SW4, não tive problemas na travessia, mas foi à aventura mais arriscada e imprudente que já fiz!

Sérgio Holanda