quinta-feira, 18 de junho de 2009

Correio Técnico...Óleo Lubrificante: Engrenagens (Parte II)


CLASSIFICAÇÃO DE LUBRIFICANTES DE ENGRENAGENS:

Assim como os lubrificantes de motores, os produtos usados em engrenagens também são classificados, entretanto é difícil traçar uma regra geral, como existe para produtos utilizados em motores, pois há várias variáveis envolvidas e especificidades para cada tipo de transmissão. Tentarei apresentar um pouco aqui, as classificações existentes e empregadas no s produtos comerciais.


ÓLEOS PARA ENGRENAGENS:

Os lubrificantes utilizados em engrenagens são classificados pela SAE (Society of Automotive Engineers) com a viscosidade 70 acima. Existem produtos multiviscosos que, da mesma maneira que os lubrificantes de motor, apresentam uma viscosidade quando frios, tornando-se mais grossos conforme vão sendo utilizados. Esses produtos, tal qual o lubrificante do motor, também são apresentados com a classificação SAE xxW - XX (ex. SAE 80W90). A viscosidade anterior ao W é quando o produto está frio e a subseqüente, medida a 100 graus C. Então, um lubrificante SAE 80W90 comporta-se como um óleo 80 quando frio e conforme o aquecimento advindo da utilização do veiculo, ele se torna mais "grosso" até chegar ao índice 90 a 100 graus C.

Da mesma maneira que os produtos multiviscosos para motores, essa é uma característica desejável, pois um lubrificante monograu, embora assegure uma viscosidade "90" quando quente, pode ser grosso demais em certas situações, especialmente em regiões frias.

O American Petroleum Institute também criou sua própria norma, que no caso, estabelece padrões de estabilidade do produto, resistência a oxidação, resistência a elevadas pressões e choques (características essas encontrada em transmissões e eixos), assim como velocidade de trabalho das engrenagens. É importante também o produto não ser agressivo a componentes da transmissão, como por exemplo, latão e bronze, usado nos anéis sincronizadores dos câmbios. A classificação API é dada com as letras GL (Gear Lubrificant - ou lubrificante de engrenagens, numa tradução literal).


Hoje comercialmente falando, existem as seguintes classificações de serviço propostas pela API.
GL-3 - Especificadas para engrenagens trabalhando sob cargas leves e moderadas de pressão e choque.
GL-4 - Especificadas para engrenagens comuns, helicoidais e hipóides trabalhando sob condições severas de carga e choque, operando em condições moderadas de velocidade de trabalho.
GL-5 - Especificadas para engrenagens comuns, helicoidais e hipóides trabalhando sob condições severas de carga e choque, operando em condições diversas de velocidade de trabalho (podem ser condições de alta ou baixa velocidade).
ÓLEO DA CLASSE ATF (AUTOMATIC FLUID TRANSMISSION):

Antigamente lubrificantes ATF eram associados a direções hidráulicas e câmbios automáticos. Atualmente muitas transmissões mecânicas, bem como caixas de transferência estão fazendo uso desse tipo de produto. Trata-se de um lubrificante extra refinado, com uma elevada carga de aditivos, cuja história inicia-se na década de 40 com o advento das primeiras transmissões automáticas, que apresentam como características principais a resistência a oxidação, aditivos para a redução de variações na viscosidade, detergentes e dispersantes diversos, e capacidade de operar sob condições extremas de temperatura (lembrando que um conversor de torque pode atingir altas temperaturas se forçado ao extremo).

Vários fabricantes estabeleceram normas para lubrificantes da classe ATF, entretanto a mais comum e difundida no mercado é a DEXRON implantada pela General Motors através da Allison, em suas transmissões automáticas. Hoje é comum ver fabricantes que não a GM recomendando produtos com especificação DEXRON. Aqui vamos nos deter a norma DEXRON e Ford que são as mais comuns.

Os principais lubrificantes ATF's comercializados no mercado nacional são:
- ATF tipo A - É a primeira especificação de óleos ATF e remonta do final da década de 40.

- ATF/DEXRON II - A maioria dos óleos ATF a venda no mercado atendem a especificação DEXRON II. Pode ser usado em transmissões automáticas mais antigas, algumas caixas de cambio mecanica Mazda (as primeiras Rangers e F-1000), bem como direções hidraulicas.

- ATF/DEXRON III - É a especificação mais avançada comercializada no mercado nacional. Supera todas as demais especificações acima citadas. A DEXRON III (H) é a mais recente e supera a DEXRON III.

- Ford Mercon V - Especificação mais recente implantada pela Ford para suas transmissões automáticas (1997). Os lubrificantes tipo DEXRON III (H) - de 2003 - atendem a essa norma.

Já existe nos Estados Unidos a norma DEXRON-VI, implantada em 2006 e que supera todas as normas acima citadas. Mas por enquanto ainda nao se tem no Brasil um produto que atenda a essa norma.
MODIFICADORES DE ATRITO:

Em alguns conjuntos de eixos diferenciais (especialmente eixos equipados com diferenciais de deslizamento limitado - os popularmente chamados Positrack, tração positiva, Tracklock) utilizam, junto do óleo lubrificante, aditivos modificadores de atrito. O mais popular deles (e o mais dificil de se achar) é o Sturacco 7098, produzido pela DAStuart.A função dos modificadores de atrito é justamente a de evitar os trancos e ruidos produzidos pelos sistemas de tração positiva (especialmente o Tracklock da Dana, que funciona por meio de discos que comprimem as planetárias contra as satelites inibindo o seu movimento). No momento que impede os trancos e ruidos gerados no processo de "deslizamento limitado" das rodas, os aditivos de certa maneira estão contribuindo de maneira efetiva para a longa vida dos componentes do diferencial.
Daniel Shimomoto (Parte II)

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