quarta-feira, 17 de junho de 2009

Correio Técnico...Óleo Lubrificante: Engrenagens (Parte I)


"Motor usa óleo 40 e câmbio usa óleo 90."

Essa é outra lenda vendida pela maioria das pessoas. Dizem que nem tudo que reluz é ouro. Da mesma maneira, nem tudo que é transmissão usa óleo 90.

Quem mexe com máquinas agrícolas sabe do que estou falando: Antigamente, os tratores usavam óleo SAE 90 no cambio. Alguns modelos (leia-se Valmet ID60/62/80/85) chegavam a ser recomendado óleo SAE 140!!! Hoje, não existe mais um padrão e para saber qual o óleo lubrificante usado em uma caixa de câmbio é necessário pesquisar no manual do veículo e em muitos casos procurar o concessionário autorizado para saber qual o lubrificante que eles usam ler o rotulo e comprar. Seja com eles mesmos ou então saber qual a especificação utilizada para poder comprar um produto compatível com aquele recomendado.


Até algum tempo atrás, praticamente todos os veículos utilizavam lubrificantes para engrenagens SAE 90 nos câmbios e diferenciais. O que diferia era na recomendação de troca. A Linha VW a ar, por exemplo, a partir de 1983, passou a ser equipada com aquilo que o fabricante denominou "transmissão lifetime", que dispensava troca de óleo. Caminhonetes e caminhões continuaram a ter a troca do lubrificante na agenda de manutenção preventiva. Mas sempre a recomendação era óleo SAE 90. Naquele tempo também, lubrificante ATF era um produto usado em conversores de torque e câmbios automáticos.


Hoje, as modernas caixas de cambio passaram por um processo de melhoria construtiva. As folgas são infinitamente menores do que eram no passado, aumentou-se a quantidade de rolamentos e a rotação das engrenagens e eixos aumentaram, e assim, um lubrificante mais fino e com maior capacidade de "penetração" nas diversas partes da transmissão (engrenagens, rolamentos) se fez necessário. Hoje em dia, até caminhões não estão mais utilizando lubrificantes SAE 90 nas transmissões.


Basicamente, a função do óleo no cambio é formar a película sobre as engrenagens, impedindo que o contato de uma com a outra provoque desgaste dos dentes, lubrificação de rolamentos e, ao mesmo tempo, retirar eventuais "cavacos" e partículas metálicas oriundas do próprio desgaste e do processo de usinagem. Geralmente os bujões de escoamento de óleo são magnéticos e em alguns casos, existe filtro de óleo dentro da transmissão (é muito comum em transmissões automáticas). Engrenagens helicoidais e hipóides (engrenagem hipóide é um tipo de engrenagem onde o eixos não são cortados pelo mesmo plano) têm como característica o acoplamento gradual dos dentes da engrenagem, até o ponto onde a superfície dos dentes estão totalmente em contato. Esse sistema, utilizado pelo fato de ser mais silencioso que o de engrenagens de dentes retos, provoca maiores esforços nos dentes de engrenagens e rolamentos, pois o acoplamento se dá de forma progressiva. Daí o uso de um lubrificante que suporte estes esforços ser tão importante. A guisa de curiosidade, a marcha-ré da maioria dos veículos é feita com engrenagens de dentes retos, por isso o ruído característico. Tratores da marca Valmet também utilizam engrenagens de dentes retos, e por isso o ruído característico quando se movimentam.

Outra característica necessária para os lubrificantes de transmissão é manter suas características sob condições de temperatura. Engrenagens geram esforços e liberam calor, a ponto de alguns caminhões possuem, inclusive, radiador de óleo do cambio, dada a quantidade de calor gerada! Outra função é a de transmitir movimento: Em um conversor de torque, o elo de ligação que transmite o movimento do motor para a caixa de transmissão é o óleo contido no conversor!



OS PRODUTOS:


Em carros, caminhonetes e caminhões basicamente utilizam óleos para engrenagens com a classificação SAE/API (Society of Automotive Engineers/American Petroeum Institute) ou então lubrificantes da classe ATF. É muito importante, na hora da troca, de se fazer a colocação do lubrificante correto para o tipo de transmissão. O uso de um lubrificante mais viscoso que o recomendado pode acarretar em deficiência na lubrificação de rolamentos e engrenagens (especialmente se for de alta velocidade de trabalho) provocando desgaste prematuro. Um outro menos viscoso, por outro lado, podem resultar numa lubrificação deficiente no caso de engrenagens de baixa velocidade de trabalho e elevadas cargas. O nível de serviço por sua vez, se for inferior ao recomendado, pode não prover o conjunto da proteção necessária para as cargas impostas.


Daniel Shimomoto (Parte I)

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