Correio Técnico...Óleo Lubrificante: Motor (Parte I)

O Blog irá apresentar uma série de matérias sobre óleos lubrificantes, para esclarecer algumas duvidas e passar alguns dados técnicos importantes para a vida útil das peças que utilizam lubrificantes.

A matéria foi produzida pelo Administrador de Empresas Daniel Shimomoto, que nas horas vagas é um mecânico por paixão. Cafeicultor, Shimomoto, está acostumado a mexer em seus tratores, pick-ups e acima de tudo é um grande estudioso de normas técnicas.

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"E ai??? Vai colocar o óleo para 5 ou 10 mil km??????"Quem nunca foi trocar o óleo do carro e escutou uma frase semelhante a essa? Essa expressão popular de "óleo para 5 mil" ou "óleo para 10 mil km" a gente escuta direto e até hoje a maior parte dos donos de veículos compra óleo como sendo óleo para X km!!!!

Eu mesmo levei muito tempo escutando isso e sempre me intrigou a sopa de letrinhas que envolvem um frasco de óleo, por isso resolvi pesquisar e tentar entender o significado. E aproveito a oportunidade para dividir neste Cyber-espaço um pouco daquilo que aprendi em tanto tempo de leitura.

Daniel Shimomoto

ÓLEO DO MOTOR:

O óleo do motor é o sangue que corre nas veias do carro! Muito mais do que simplesmente lubrificar, o óleo do motor tem duas outras funções importantíssimas e que pouco são levadas em conta.

A primeira delas é a de auxiliar no arrefecimento do motor. Sim! No momento que o motor trabalha sem atrito, ele tende a gerar menos calor e com isso trabalhar em temperaturas mais baixas. Alguns veículos chegam a ter até radiador de óleo para auxiliar neste processo de uma forma mais direta. Pouca gente sabe, mas a linha VW refrigerada a ar tem um radiador de óleo escondido dentro da carcaça da ventoinha. Inclusive nas versões mais recentes da linha a ar, a VW deslocou ligeiramente o radiador de óleo para tirá-lo de cima do 3º cilindro e ao mesmo tempo, proporcionar um arrefecimento mais eficiente do motor e do próprio lubrificante.

A maioria dos motores modernos vem equipados com bicos que injetam óleo na parte inferior do pistão, como forma de auxiliar a retirada de temperatura, adquirida no processo de combustão. A outra função (importantíssima) é o de limpeza: O óleo lubrificante tem a função de manter o motor limpo, removendo partículas carbonizadas formadas no processo de combustão. A coloração escura adquirida pelo óleo após vários quilômetros de uso são justamente partículas em suspensão que o óleo lubrificante remove e mantém limpo o caminho por onde passa.

Mas vamos em frente: A primeira duvida na compra: Mineral ou Sintético?

O óleo mineral é feito a partir de derivados de petróleo enquanto o sintético é elaborado a partir de reações químicas feitas a partir de hidrocarbonetos. Confesso que já li muita coisa sobre vantagens e desvantagem de um e de outro, mas, em linhas gerais, podemos definir como vantagens de cada um as seguintes:

Mineral:

- Custo (é mais barato $$$)

Sintético:

-Maior resistência e estabilidade do lubrificante a oxidação

-Maior resistência do lubrificante a altas temperaturas

-Maior uniformidade do produto (digamos, tem menos produtos misturados).

Dito dessa maneira fica parecendo que lubrificante mineral não presta e o sintético é a melhor coisa que a industria poderia ter inventado. Não é bem assim. Lubrificantes minerais hoje (desde que de boa procedência/marca) são excelentes e regidos por normas rigorosas que garantem as características, a qualidade e a estabilidade do produto final.

VISCOSIDADE:

A outra duvida freqüente é qual a viscosidade a ser usada. Ainda é muito comum o povo dizer que em locais quentes, use óleo 40 sem medo. A resposta a essa duvida está no fabricante do veículo!

A viscosidade é uma característica de qualquer fluido que basicamente mede a resistência de um fluido em "fluir" por uma superfície. É medida com um aparelho chamado Viscosímetro. Para efeito de lubrificantes, adotou-se um padrão que é o padrão SAE, e que é reconhecido em praticamente qualquer lugar do mundo.

Antigamente (e mesmo hoje) era comum o uso de lubrificantes monograu (SAE 30, SAE 40, etc.) Essa viscosidade "40", "30" etc. era medida com o lubrificante a 100 graus C (ou 212F). Entretanto esse tipo de produto, para conseguir essas características, acabam deixando a desejar quando o motor (e o lubrificante) está frio, tornando-se mais difícil sua passagem bem como a perfeita lubrificação de camisas, cilindros, válvulas, etc. Neste momento surgiram os lubrificantes multigraus (precedidos pela letra W de Winter - Inverno).

Os lubrificantes multiviscosos, como o próprio nome diz apresentam duas viscosidades distintas: Garantem uma viscosidade em altas temperaturas mas ao mesmo tempo, são finos o suficiente para em baixas temperaturas garantirem uma boa lubrificação do motor. É a junção de dois mundos: Um quando do momento da partida (quando um óleo mais fino faz-se necessário) e outro em altas temperaturas quando um lubrificante mais grosso é recomendado.

Assim, se compararmos um monoviscoso SAE 40 com um multiviscoso SAE15W40, quando em elevadas temperaturas, ambos terão comportamento semelhante. Comportamento de um óleo 40. Mas é quando frio que a diferença aparece. O SAE 40 é mais "grosso" (o termo correto seria Viscoso) enquanto o 15W40 é mais fino, mais apropriado para lubrificar o motor na sua fase fria.

Um produto SAE 5W40 atende a uma faixa de temperatura de trabalho muito maior que se comparado a um SAE 5W30, o que o torna preferivel. Entretanto deve-se tambem atentar para a viscosidade maxima permitida pois nem sempre ser mais viscoso quando quente representa uma grande vantagem para o motor.

(Parte I)