sexta-feira, 10 de julho de 2009

Correio Técnico...Motores - Retificando! (Parte II)

RETIFICA: QUAL ESCOLHER?

Em praticamente qualquer cidade de maior porte existe pelo menos umas duas retificas de motor. Dizer qual escolher, qual é melhor é difícil. Diria que é impossível. É fácil ver duas pessoas diferentes que fizerem serviço numa mesma retifica uma delas dizer que o motor ficou excelente, igual novo e a outra falar coisas completamente inversas, que o serviço não prestou, que ficou pior do que estava, enfim, o que muda é a forma como o motor é montado. Existem motores que tem "manhas' para serem montados.

O melhor dos mundos seria encontrar um mecânico experiente, que saiba desmontar um motor, analisar as peças, mandar para a retifica para fazer única e exclusivamente o serviço de usinagem, receber as peças e de posse das peças usinadas pela retifica, proceder a montagem do motor de acordo com as peças compradas pelo proprietário do veiculo. Isso em mecânica diesel é até fácil achar quem faça mas em mecânica de veículos leves complica. Até porque, infelizmente, o advento da eletrônica nos veículos fez com que tudo se resumisse a scanners e limpeza de bicos com ultra-som, e os verdadeiros mecânicos, aqueles que sabem a fundo sobre motores e peças infelizmente é uma raça em extinção.

O mercado de retificadoras, pelo fato de existir muita concorrência, faz com que elas se "digladiem" numa concorrência enorme de preços. Como muitos veículos que "fundem" o motor não compensam, do ponto de vista econômico (e de poder aquisitivo do proprietário), efetuar um trabalho completo e bem feito de retifica, as retificadoras tentam abaixar o máximo possível os orçamentos, muitas vezes em detrimento da qualidade do serviço prestado. Por outro lado, conforme veremos a seguir, infelizmente, muitas retificadoras colocam peças em seus orçamentos e acabam não procedendo a troca, reaproveitando a antiga. Ou então colocando peças de segunda linha (também muito comum). Esse é um ponto importantíssimo de ser dito porque infelizmente o mercado está repleto de mecânicos e retificas que procedem dessa maneira.

PEÇAS E COMPONENTES

Não adianta fazer todo um serviço de usinagem se as peças colocadas no motor não são de primeira linha. É importante que isso seja dito pois geralmente quando o custo começa a ficar mais alto, o dono do serviço começa a cortar custos por onde é possível. E o mais fácil são as peças.

Existem marcas de peças que produzem para os fabricantes e vendem no mercado de reposição. K&S, Perfect-Cicle (pertence ao grupo Dana), MAHLE e Cofap são fabricantes que muitas vezes produzem para o fabricante do motor. E que vendem para o mercado de reposição com suas marcas. Dessa forma, escolher pecas dessas marcas dificilmente acarreta em erros tais como defeitos de fabricação, medidas incorretas etc.

Uma boa dica é toda vez que se abrir um motor e proceder um serviço completo, trocar a bomba de óleo. Essa troca é particularmente importante, pois do seu bom desempenho depende a vida útil do motor. É ela que puxa o óleo do carter e faz correr por todas as partes de um motor, lubrificando, limpando e arrefecendo. Daí a importância de se ter uma boa bomba de óleo, nova: É a garantia que as partes novas do motor serão lubrificadas de acordo, sem riscos.

FAZENDO UM MOTOR: A "MEIA SOLA"/" CALÇAR" O MOTOR VERSUS TRABALHO COMPLETO
Fazer um motor completo, direitinho como manda o fabricante, tanto em peças quanto na montagem final e funcionamento de teste propicia um desempenho final igual a um motor novo, como a durabilidade é similar. Entretanto custa. E caro e muitos casos. E esse custo pode acabar ficando ainda mais elevado, especialmente se for feito por mão de obra capacitada. Por isso muitas vezes o proprietário do veiculo acaba optando por cortar custos e esses custos, invariavelmente acaba caindo na "meia sola".

A famosa "meia sola" que o pessoal costuma fazer consiste basicamente em aproveitar o maior numero de pecas possíveis de um motor, trocando apenas o necessário para que este continue funcionando de maneira minimamente satisfatória.

Surge ai as famosas expressões "fazer a parte de baixo" ou "fazer a parte de cima" que tão popularizadas já fazem parte do jargão de quem mexe com automóvel.

Basicamente "fazer a parte de cima" consiste em proceder, de inicio, a troca de anéis e brunir cilindros, reaproveitando pistões válvulas, cabeçote, quando muito, retificando a base do cabeçote. Geralmente usa-se fazer "a parte de cima" quando o motor está queimando muito óleo e fraco de desempenho.

"Fazer a parte de baixo" pode consistir em trocar o bronzinamento, dar um "passe" no virabrequim e ajustar as bielas, trocando seu bronzinamento. É feito quando o motor literalmente começa a "bater mancal", ou seja, quando no funcionamento, começa a apresentar ruídos estranhos, como se estivesse moendo as peças internas.

Esse tipo de procedimento é muito comum entre garagistas, que pegam veículos com motores no final de sua vida útil, dão a famosa "calçada" e repassam o veículo para outro comprador. Quem nunca ouviu falar de alguém que, comprou um carro usado de estacionamento que, aparentemente, estava bom de motor e depois de alguns meses, o motor fundiu... Acho que todo mundo sabe contar pelo menos uma história do tipo.

Fazer esse tipo de serviço para quem tem e utiliza o veículo e necessita de confiabilidade é extremamente delicado. Primeiro porque cada tipo de motor é um tipo de motor. Alguns toleram troca de anéis, outros não. As vezes, uma simples troca de anéis acaba promovendo a compressão original do motor e a "parte de baixo", já desgastada, não agüenta o "tranco". Fazer a "parte de baixo" em contrapartida reduz (e na maioria dos casos) elimina ruídos estranhos ao funcionamento, mas não soluciona problemas como baixa compressão, falta de potencia ou consumo de óleo.

Decidir entre fazer a "meia sola" ou o serviço completo é algo extremamente relativo. Varia de caso a caso, a começar pelo estado geral do veículo: Se ele é bom, vale a pena gastar um pouco e proceder a retifica completa. Por outro lado se o veículo precisa de uma manutenção completa em outros componentes (suspensão, freios, etc.), começa a ficar muito caro e chega-se a conclusão que é melhor não investir demais no carro sob pena de colocar "dinheiro bom em cima de dinheiro morto".

Veículos a diesel pesados são bons exemplos: Como as suas maiorias são usados em viagens, a parte mecânica é sempre levado a risca. Então, quando um motor "funde" geralmente é feito um bom serviço para que este tenha a mesma confiabilidade e desempenho anterior. Picapes diesel costumam seguir o mesmo caminho.A decisão de fazer um motor completo ou não depende de todos esses fatores. Eu mesmo, conforme contarei a seguir na segunda parte deste texto, tenho um veículo que mandei fazer uma "meia sola" por simplesmente não compensar fazer um serviço completo.

Daniel Shimomoto (Parte II)

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