Tenho recebido alguns e.mails sobre retifica de motores, questionamentos sobre necessidade, procedimentos, etc. Em conversa com meu amigo Shimomoto, que nos deu a honra de fazer a matéria sobre lubrificantes, ele com alguma experiência no assunto, elaborou um matéria que irei postar nos próximos dias. Também as conversas entre e.mails que ocorreram no correio técnico.
Sérgio Holanda
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RETIFICANDO UM MOTOR.
Por Daniel Shimomoto
Por Daniel Shimomoto
Mexer num motor é algo que invariavelmente a gente um dia se depara. De repente o carro tá consumindo óleo demais, batendo mancal de manhã, ou então está fraco, sem o mesmo desempenho de outrora....as vezes um superaquecimento...ou nos casos extremos, simplesmente pára. Trava. Ai a gente se depara com a questão de ter que "fazer o motor". Mas o que consiste o trabalho de se fazer o motor, qual a sua importância. Como deve ser feito um serviço para o trabalho ficar bom.

Na minha atividade (agricultura) vira e mexe me deparo com motores fundidos. Ano retrasado, por uma infelicidade do destino me vi obrigado a retificar nada menos que 6 motores diesel (Dois Ford's FTO4.4, dois Perkins A3.151, um Ford Geneses 3.3L e um MWM D229/4) e dois a gasolina (um VW/Ford CHT e um VW 1600 refrigerado a ar) e acho que isso me proporciona um pouco de bagagem para falar um pouco do assunto até porque fiz várias experiências: Algumas bem sucedidas outras nem tanto.
SINAIS DE CANSAÇO
Os principais sintomas de um motor cansado são aqueles já conhecidos: Ruídos estranhos quando de seu funcionamento, consumo excessivo de óleo lubrificante, jogar óleo pelo escapamento. Em motores diesel, dificuldades de partida (falta de compressão para a ignição). Em casos extremos chega-se ao extremo de travar, o famoso "fundir" o motor.
As causas para isso são as mais diversas: Desde o uso intenso puro e simples até superaquecimentos, descaso com a troca de óleo, excesso de carga de trabalho, tipo de uso, enfim, são todos fatores que levam ao desgaste do motor.
O primeiro passo é saber a causa. Alguém pode dizer "já foi mesmo, não interessa agora tem que fazer tudo" mas é importante saber o que REALMENTE aconteceu. Até porque o que fez o motor "fundir" assim digamos influi até no custo final da retifica. Sim, se um motor fundiu por falta de óleo, pode ter comprometido a parte de baixo toda, se foi um leve superaquecimento que fez os anéis perderem a sua maleabilidade e perda de compressão, tudo isso de uma certa forma acaba influindo no que fez um motor "parar". Cansaço, uso continuo provocam desgaste mas ai é um desgaste mais progressivo, uniforme...Tudo isso é importante saber afinal, se foi mal uso, temos que nos atentar para não repetirmos os mesmos erros.
O PROCESSO DE SE "FAZER UM MOTOR"
Quando um motor "funde" o processo básico que envolve o trabalho de retifica é sempre o mesmo. Desmontagem, lavagem química das peças, o serviço de usinagem, a montagem do motor com as peças novas e o funcionamento.
Os primeiro passos são a desmontagem e lavagem das peça. As vezes, um anel de segmento rompido provoca danos na cabeça do pistão e no cabeçote. Má lubrificação provoca desgaste acentuado no bronzinamento e por conseqüência, a necessidade de passe no virabrequim. A desmontagem por uma pessoa qualificada faz esse trabalho e verifica o custo final do serviço, pois é neste processo que o mecânico/retifica terá a exata dimensão do que ocorreu com o motor e por conseqüência, quais peças terão de ser usinadas, trocadas, ou poderão ser reaproveitadas. É neste momento que se tem uma exata dimensão de quanto se gastará para fazer o motor completo.

A montagem é um dos processos mais importantes e onde ocorrem os grandes "erros": O motor tem que ser montado com as peças novas, sempre procedendo os apertos corretos especificados pelo fabricante (o famoso "torque correto"), sempre obedecendo a lubrificação das partes, conforme vão sendo montadas.
Por fim, existe o teste de funcionamento. Algumas retificas procedem testes em bancada e dinamômetros para verificação do correto funcionamento do motor. A maioria delas procede a montagem no veiculo e ai é que se faz o funcionamento inicial. Alguns mecânicos dão o famoso "purgante" nessa etapa. Para quem não sabe, "purgante" era um costume muito antigo (coisa de motor 2 tempos) que consistia na colocação de óleo lubrificante na admissão do motor.
Quem é adepto a essa pratica o faz sob o argumento que é para lubrificar as guias de válvulas e a câmara de combustão, nos momentos iniciais de funcionamento enquanto o motor ainda encontra-se "seco" de óleo. Em outras palavras: O óleo lubrificante colocado na admissão lubrifica as partes mais altas do motor enquanto o óleo do cárter está começando a subir e cumprir sua função inicial de formar a película lubrificante e lubrificar. A tese é bastante válida entretanto requer cuidados com o catalisador do veiculo, caso este possua.

Esse processo é o básico e comum a todos os motores. O que pode diferenciar são especificidades de cada tipo de motor, bem como o desgaste/comprometimento dos componentes internos.
O mais comum é encontrar retifica que procedem todo este trabalho, entretanto um mecânico experiente pode proceder a desmontagem, lavagem, assentamento de válvulas, montagem e funcionamento, ficando a retifica a cargo apenas do serviço de usinagem e colocação de peças que exijam medidas exatas (tipo encamisamento de um bloco).
Parte I
Um comentário:
Tudo bem?
Gostaria que alguém me desse os apertos de cabeças do motor para o Porsche Cayenne S?
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