domingo, 7 de junho de 2009

Mundo Off Road...Mulheres

Off Road.

Neste Mundo tão masculino, uma vez que não são todas as mulheres que topam um banho de lama, unhas quebradas, cortes pelo corpo, mãos sujas de graxa e óleo, visitas ao mecânico, piadinhas dos marmanjos enciumados pelas habilidades, muitas vezes superiores a deles. A mulher jipeira, ainda considerada uma jóia rara neste mundo off Road, está a cada dia conquistando novos horizontes, sejam nas corridas de indoor, nos rallys ou nas trilhas.

Em Pernambuco um dos jipes clubes mais atuantes do estado é dirigido por uma mulher, Sonia Ribeiro. Em São Paulo tem uma trilheira de mão cheia, onde o desafio é a razão de continuar sempre em frente, “desde que não existam cobras no mato”, como costuma dizer a Sílvia, conhecida como Tweeter. Apaixonada pelo seu jipe Willys vermelho, o Montanha, onde gosta de apreciar a natureza de um jeito bem especial, rodeada de amigos e com muita lama pelo corpo, e logicamente muita graxa e óleo, afinal é um Willys. A Sílvia além de ser jipeira é pilota de Rally, o que segundo ela é a realização de um sonho antigo de sentir a adrenalina fluindo em seu corpo e poder mostrar para os marmanjos que as mulheres estão aqui para vencer, não só competir e dar ar da beleza aos eventos.

No maior rally do mundo, conhecido antigamente como Paris - Dakar, em 1997 a alemã Jutta Kleinschmid foi à primeira mulher a vencer uma etapa do rally, em 1999 liderou o Dakar subindo ao pódio em terceiro lugar e em 2001 a primeira mulher a vencer o Rally Dakar, correndo pela equipe Volkswagen. Entrando assim pro hall da fama mundial. Muitas outras mulheres participaram e participam do Dakar, mas nenhuma foi tão longe quanto Jutta.

Na verdade temos em trilhas, rallys e eventos off roads diversas mulheres, mas em sua maioria estão acompanhando seus parceiros, namorados, maridos e filhos. Dando incentivos, brigando pelos seus e principalmente ajudando a organizar os eventos. Porém poucas são as que realmente enfrentam o volante, correm, disputam, e vão atrás do seu espaço neste mundo machista. Em Brasília, na comemoração dos 20 anos do JPB (Jipe Clube de Brasília), a Jipeira, corredora de rallys, mecânica, porreta e aventureira Telma Cristina Soares, ou Telma. Subiu ao palanque do evento comemorativo e recitou um poema de sua autoria, poema este que explica um pouco como é ser uma jipeira. E que venha a nova geração de Jipeiras e rallyzeiras!!!


SER JIPEIRA

Ser jipeira é ser um ser um pouco diferente.




É experimentar um jeito de ser mulher em um universo bem masculino e aprender com a convivência as melhores virtudes dos homens:a camaradagem, o companheirismo, a cumplicidade e a objetividade.



É ter calma e coragem mesmo quando a TPM bota os medos e inseguranças pra fora.

É não perder o charme e a feminilidade, mesmo suja e elameada.

É ver as caras de espanto, só porque você sabe o que é e onde fica a rebimboca da parafuseta.

É aceitar calmamente pensarem que você é sapatão, só porque anda num jipão.

É saber que não adiante deixar a roupa suja de barro no tanque, porque é você mesma que vai lavar.

É saber o real significado da frase: “meu namorado disse: ou eu, ou o jipe. Ah, como eu gostava dele....”.

É comprar menos roupas e sapatos pra ter o que gastar na oficina.

É se sentir mais feliz no Setor H Norte* do que no shopping.

É saber que fazer trilha é o melhor tratamento estético que existe, rejuvenece, sara a barriguinha e enrijece os glúteos.

É aprender que há cinta que não é para prender meias e que há prancha que não é pra fazer chapinha no cabelo.É ter mais graxa nas unhas do que esmalte.

É lembrar de retocar o batom na mesma erosão onde muitos marmanjos se mijaram nas calças.

É a alegria de ouvir “se você for vai ser muito melhor” e ver como é valorizada a presença feminina no mundo off-road.

É fazer o maior sucesso em qualquer posto de gasolina.
Mas, ser jipeira também é ter muito em comum com os jipeiros.


É ter lama nas veias.É gostar de desafio e de sentir o coração batendo acelerado.

É ser mais uma criança com seu brinquedão.

E é descobrir que uma das coisas mais gostosas da vida é esquecer do mundo em uma trilha, rodeada de amigos!

Telma Cristina (BSB)
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(*) o paraíso dos ferros velhos de Brasília
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Sérgio Holanda

Um comentário:

  1. Noooossa!!! Estava navegando a procura de umas informações e me deparei com essa matéria tão legal. Que agradável surpresa. Valeu Sérgio! E um abraço especial pra a Sonia Ribeiro, batalhadora pelo Jeep Clube aí em Pernambuco.
    Abração!
    Telma

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