quarta-feira, 10 de junho de 2009

Correio Técnico...Óleo Lubrificante: Motor (Parte II)


CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇO (OU DE PERFORMANCE)

Até pouco tempo atrás, existiam apenas as normas especificadas pelo American Petroleum Institute americano (o famoso API). Hoje em dia vê-se nos rótulos normas ACEA, normas escritas por fabricantes, enfim, uma salada de letras muitas delas de difícil compreensão (até porque, as normas dos fabricantes de carros são feitas por eles mesmo e não existe muito interesse em divulgá-las).

Vamos focar nas normas API americanas e ACEA da comunidade européia.

NORMA API (American Petroleum Institute).


As normas da API referem-se a especificações mínimas que um lubrificante deve ter em relação a suas propriedades físico/químicas, estabilidade (o óleo vai perdendo suas características originais conforme o uso), viscosidade, capacidade de limpeza e retenção de partículas, formação de borras, etc. A essa padronização, o API criou uma tabela conhecida como nível de performance, ou nível de serviço.

Para motores a Gasolina/Álcool/Flex. e GNV, inicia-se pela letra S, precedida de outra, numa seqüência em ordem alfabética, desde SA (mais antiga, para lubrificantes sem aditivação) até a SM, de 2004. Exclui-se apenas as seqüências SI e SK que nunca existira. Para motores a diesel, utiliza-se a letra C precedida de outra, numa seqüência alfabética que vai de CA e vai até CD. Ai ela ramifica para CD-2 para motores diesel dois tempos e CD-4 para quatro tempos, CF, CF-2 (dois tempos) CF-4 e ai segue CG-4, CH-4, CI-4 e CJ-4 (categoria esta que ainda não há nenhum produto que atenda a essa especificação no mercado nacional).

A categoria mais moderna supera as especificações requeridas na categoria anterior. Por exemplo, um lubrificante com nível de serviço API-SL substitui perfeitamente um lubrificante API-SJ ou API-SH. Por outro lado não atende as especificações quando é requerido um lubrificante com nível de performance API-SM.

A mesma regra vale para os lubrificantes de motores a diesel. A única exceção fica por conta das categorias CD-II (obsoleta) e CF-2, para motores dois tempos. Um lubrificante com nivel de serviço API-CH-4 supera o API-CG-4 mas não pode ser utilizado quando é requerido um produto API CI-4.

Alguns produtos apresentam especificações duplas como por exemplo, API-CI-4/SL. Nestes casos, são produtos especificados para serem utilizados em motores a diesel que requeiram um lubrificante que atenda a categoria API-CI-4, mas também podem ser utilizados em motores a gasolina, que requeiram nível de serviço API-SL. O mesmo ocorre quando a for o contrário.

Ai vem a duvida: Posso utilizar o mesmo lubrificante de motor diesel em um motor a gasolina, considerando que o motor a gasolina requeira a mesma viscosidade e nível de serviço do óleo especificado inicialmente para motores a diesel? Está ai uma questão controversa. Conheço gente que usa. É uma prática muito comum na Zona Rural onde geralmente o proprietário compra lubrificantes em baldes de 20L para trocar o óleo do trator e aproveita o "restinho" e troca o óleo do carro. Tenho um grande amigo, mecânico com mais de 40 anos de experiência em mecânica diesel e gasolina, que afirma que essa prática é tão boa para o motor quanto pode ser perigosa: O lubrificante de motor diesel por ser mais detergente, pode provocar um "flushing" excessivo no motor e descer depósitos de borra aumentar o consumo de óleo lubrificante (remoção de borras que eventualmente sirvam de vedação... isso existe). Sou adepto a essa pratica porque conheço os carros que tenho, mas não recomendo ou incentivo a ninguém fazer.


Hoje, para o ano de 2009, as categorias mais modernas disponíveis no mercado nacional são os lubrificantes de nível de serviço API-SM para motores a gasolina e API-CI-4 para motores a diesel.
NORMAS ACEA
A comunidade européia através da ACEA (Associação dos Fabricantes de Automóveis da Europa) desenvolveram suas próprias normas para óleos lubrificantes de motor. Mais rígidas e menos intuitivas que as normas API americanas, as normas européias são seqüência das letras A/B e numero, ou C e numero ou E e numero (ex. ACEA A3/B4-04 - lubrificante que atende a categoria A3 ou B4 da norma implementada no ano de 2004. As categorias para a norma européia, pela seqüência de letras são as seguintes:
Ax/Bx - Lubrificantes para motores a gasolina ou motores leves a diesel (lembrando que na Europa existe muitos veículos a diesel).

Cx - Lubrificantes para motores dotados de catalisadores, a diesel ou a gasolina (lembrando que o catalisador de motores diesel é diferente dos motores de ciclo otto).
Ex - Lubrificantes para motores diesel de maior porte e de alta rotação.



As normas ACEA, das menos para as mais rígidas são:

- ACEA A1/B1; ACEA A3/B3; ACEA A3/B4 e ACEA

- A5/B5ACEA C1; ACEA C2; ACEA C3 e ACEA

- C4ACEA E2; ACEA E4; ACEA E6 e ACEA E7.

Importante salientar que um produto pode atender a múltiplas categorias especificadas pelos normatizadores europeus.

NORMAS DE FABRICANTES

Aproveitando a "onda" de normatização, os fabricantes criaram suas próprias normas (tipo VW 501.00 ou MBB 229/1). Mas pouca divulgação existe para quais as especificações precisas e quais produtos no mercado a atendem. Entretanto se der preferência a um lubrificante de boa procedência, com a viscosidade especificada e de ultima geração de nível de serviço, dificilmente este não atenda a norma do fabricante.

Daniel Shimomoto

(Parte II)

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