sábado, 4 de fevereiro de 2012

Notícias 4x4... Audi Q3

Audi Q3 reúne beleza, conforto e desempenho para embolar a briga dos crossovers premium.
Rodrigo Lara - UOL

A vinda do Audi Q3 foi oficializada pela fabricante alemã nessa semana, quando foi iniciada a apresentação do carro à imprensa especializada. Feita a introdução técnica do modelo, que chega em maio, ficou claro que o alvo do carro no país é o Land Rover Range Rover Evoque, deixando o seu maior rival em outros mercados, o BMW X1, um pouco de lado.

Caso consideremos o quesito "carro", entretanto, o Q3 tem um comportamento e um estilo mais próximo do X1, não do Evoque. A conclusão mais direta é que, no Brasil, o que nutre essa concorrência entre o Audi e o Land Rover é basicamente quanto se cobra por cada um, não a proposta. E, embora os preços exatos das duas versões do Q3 que serão vendidas no país ainda não tenham sido divulgados, a estimativa de valores é a seguinte:

- Audi Q3 2.0 TFSI de 170 hp (172 cavalos) e 28,5 kgfm: R$ 140 mil
- Audi Q3 2.0 TFSI de 211 hp (213 cavalos) e 30,6 kgfm: R$ 190 mil

E já que é essa a comparação que a Audi quer, vamos entrar na brincadeira. Antes de mais nada, dizer que a proposta do Q3 e do Evoque não são similares não significa qualquer demérito para algum dos citados, muito pelo contrário: ambos são competentes em suas propostas e até guardam semelhanças. Eles têm bom comportamento no asfalto (vantagem para o Q3), disposição para encarar trechos sem pavimento (vantagem para o Evoque, principalmente pelos ângulos de ataque e de saída), interior confortável (vantagem para o Q3) e estilo agressivo (vantagem para o Evoque). Seria um empate técnico?

O QUE É O Q3?

O porte do Q3 lembra o de um hatch grande com suspensão elevada e guarda semelhanças com o menor carro da marca, o A1, principalmente no conjunto óptico traseiro. Na dianteira, o carro se vale de LEDs para criar um efeito visual interessante, delineando os faróis. Nesse quesito visual, o Q3 fica em um meio termo entre o Evoque e o X1: se não tem a beleza explosiva do primeiro, é bem mais proporcional e elegante que o segundo. A aparência do carro, em uma primeira olhada, o define como um "crossover pequeno com vocação urbana". Tratar o Q3 nesses termos, porém, é injusto: de fato, ele vai bem na cidade, mas você vai saber do que ele é realmente capaz ao encarar trechos rodoviários e, principalmente, quando resolver colocar o modelo fora do asfalto.

Antes de dizer onde o carro te leva, entretanto, vale falar como é que ele faz isso. E, nesse caso, é mais simples listar o que sentimos falta no Q3. São, basicamente, dois itens: piloto automático adaptativo, que controla não apenas a velocidade, mas também a distância para os demais carros, e câmera de ré. Enquanto o segundo item deverá ser um dos opcionais do carro, a oferta do primeiro -- já presente em outros veículos da marca -- dependerá da demanda.

Salvo essas duas ausências, o Audi Q3 é completo e aí reside o seu argumento de compra mais óbvio. A lista da unidade testada por UOL Carros, top de linha, incluía ar-condicionado digital; airbags frontais, laterais e de cabeça; sistema de detecção de pontos cegos; sistema Active Lane Assist, que evita trocas involuntárias de faixa de rolamento acima dos 60 km/h; sistema de som Bose com 14 alto-falantes; bancos de couro com ajustes elétricos; piloto automático; faróis de xenônio com luzes diurnas em LED; sistema multimídia com navegador (funcional no Brasil e em português); sistema Keyless (que despensa o uso da chave); sistema Start-Stop; entre outros. O Q3 ainda encontra-se em homologação, o que significa que esse pacote pode ter alterações na versão destinada às lojas. É bom lembrar também que o Q3 deverá ter uma versão mais simples, com menos itens de série e diferenças mecânicas.

CONFORTO EXTREMO

A farta lista de mimos é apenas um dos fatores que contribui para a boa vida a bordo do Q3. O carro tem, acima de tudo, um rodar suave. Mérito do sistema eletrônico Audi Drive Select, que têm programas específicos para cada situação e faz o carro ir do confortável ao agressivo, passando por um modo voltado à economia de combustível e um que escolhe a melhor configuração de câmbio, suspensão e mapeamento do motor de acordo com o comportamento do motorista.

Os assentos, confortáveis, contribuem para que os ocupantes se sintam no sofá de casa. O responsável por dirigir encontra uma infinidade de ajustes no posto de comando -- todos controlados eletronicamente. O nível de acabamento é excelente, mesclando o uso de couro, plástico suave ao toque e alumínio. Destaque para os apliques encontrados nas portas e ao redor da alavanca de câmbio: feito de uma mescla de alumínio e um polímero, ele tem uma textura em formato de colmeia, causando um efeito visual similar ao de uma grade.

A construção do carro em si também contribui para a calmaria em seu interior. A sua estrutura utiliza aço de alta resistência que não apenas permite o baixo peso do veículo (1.565 kg), mas também garante elevados níveis de rigidez torcional. Isso se reflete diretamente na dirigibilidade (faz o carro parecer mais leve do que ele realmente é e o torna ágil e estável), no conforto (melhora o isolamento acústico e facilita o trabalho da suspensão) e na segurança (o carro detém a melhor nota de sua categoria na avaliação do EuroNCAP).

ENTRANDO EM AÇÃO

UOL Carros avaliou o crossover em um percurso de cerca de pouco mais de 300 km entre São Paulo e o litoral sul do Estado, mesclando trechos urbanos, rodoviários e até porções fora-de-estrada, com direito a um passeio no mar em meio a canoas de pescadores. A variedade de situações reflete bem a proposta do Q3: ser versátil, mesmo que seus futuros donos devam utilizá-lo praticamente o tempo todo dentro das cidades.

Com o carro em movimento, destaca-se o funcionamento do motor 2.0 TFSI, que conta com turbo e injeção direta de combustível para gerar 213 cavalos de potência entre 5.000 e 6.200 rpm e torque de 30,6 kgfm entre 1.800 e 4.900 rpm. O trunfo da rapidez do arranque do Q3 está justamente nesse segundo número, que mescla uma farta quantidade de força em uma grande faixa de giros. Soma-se a isso a transmissão S-tronic, de dupla embreagem, que realiza trocas de marcha mais rápidas que qualquer piloto profissional poderia sonhar em fazer. O resultado dessa conta é simples: você pisou, o Q3 andou. E sem cobrar a conta no posto: a média de consumo foi de 12 km/l, mesmo com uma condução nada econômica.

O Audi vai bem em linha reta, é confortável e bem equipado. Mas e na hora de fazer curvas? Sem problemas: mesmo com o Drive Select no modo Comfort, o carro tem uma estabilidade exemplar e passa confiança ao motorista. Caso seja escolhido o modo Dynamic, o Q3 demonstra um bom apetite para encarar trechos sinuosos: a suspensão se torna mais rígida, diminuindo ainda mais a inclinação da carroceria. O motorista tem apenas a tarefa de entrar nas curvas em uma velocidade compatível e acelerar: o bom acerto do carro fica ainda mais aparente e ele parece andar sobre trilhos.

Por fim, que tal um trecho longe do asfalto? O terreno escolhido foi uma praia, misturando areia fofa, piso mais firme e (ousadia total) um banho de mar. A tração integral quattro, um verdadeiro patrimônio da Audi, mostra sua competência nessa situação, transferindo de forma eficiente toda a força do motor para as rodas, mesmo em pisos de baixa aderência, e ajuda o motorista a levar o Q3 para a direção que ele desejar. As capacidades off-road do crossover só esbarram em um detalhe: o ângulo de ataque não é dos melhores e demanda atenção do condutor ao transpor trechos mais íngremes.

Feitas essas considerações, vem a dúvida: quem é melhor, Q3 ou Evoque? Aqueles mais discretos, que preferem uma condução no asfalto, optarão pelo Audi. Os mais ousados, que gostam de pegar uma lama, escolherão o Land Rover. E já que fica difícil escolher entre um e outro, vamos dar uma terceira opção que é, de longe, a melhor resposta para essa dúvida (especialmente se você tiver uma conta corrente farta): compre os dois.

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