terça-feira, 22 de novembro de 2011

Novidades 4x4... Teste com a Range Rover Vogue TDV8 (por Auto Press)

Range Rover Vogue TDV8 traz o melhor da tecnologia radical com um visual conservador
por Rodrigo Machado - Auto Press
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/ Carta Z Notícias


A Land Rover é uma fabricante diferente. Enquanto outras costumam renovar as suas linhas de tempos em tempos, com modelos totalmente novos, a marca britânica preza pela tradição. Desde a sua criação, em 1947, só lançou quatro famílias diferente. E nunca tirou nenhum modelo de linha. Para manter esse fôlego, os automóveis da Land Rover têm de ser capazes de aliar tecnologia de última geração e as características tradicionais que os tornaram famosos, como robustez e durabilidade. E, dentro da linha da marca, ninguém faz isso melhor que o Range Rover Vogue. O grande utilitário inglês, lançado em 1970 e inventor do SUV de luxo, está agora em sua terceira geração. E vem lotado de equipamentos de luxo, um motor moderno e uma imensa parafernália eletrônica para uso off-road.

A atual geração do modelo foi lançada em 2002 e, desde então, sofreu poucas alterações estéticas. Ou seja, manteve aquele aspecto robusto e sofisticado que já lhe é clássico. Isso não significa que a Land Rover abandonou a modernidade visual. Simplesmente deixou isso a cargo de carros como Range Rover Sport e Evoque. Até o Defender deve ser renovado em 2015 e perder parte do seu visual quadradão e lameiro. Mas, no topo de linha, a marca não ousa profanar um dogma automotivo.

Já na parte mecânica, as mudanças são essenciais. E, nesse ponto, a Land Rover gosta de se reinventar. Na linha 2011 do Vogue, apresentado na Europa no ano passado, a fabricante lançou o novo motor TDV8. Trata-se de um propulsor de 4.4 litros, oito cilindros em "V" movido a diesel com 313 cv de potência e 71,4 kgfm de torque. A vanguarda nesse caso fica com o sistema de turbos. São dois, que funcionam de modo sequencial. O primeiro, de dimensão média e geometria variável, fica ativo em situações comuns, até os 2.400 giros. Quando é necessária mais força, um segundo turbocompressor, de dimensão inferior, entra em ação. De acordo com a marca, essa configuração permite que o motor diesel tenha um comportamento semelhante ao de um propulsor a gasolina. Mesmo mais moderno e menos poluente, o TDV8 foi barrado nos Estados Unidos por não estar de acordo com as normas de emissões deles, que equivalem ao Euro 6, em vigor na Europa apenas em 2014.

Não é à toa que o desempenho de vendas entre as versões TDV8 e a SE Supercharged é quase idêntico. Desde o lançamento da nova configuração a diesel, em maio, ela teve 54% das vendas da Range Rover. Ou seja, 260 das 481 unidades vendidas até o outubro. Entretanto a média mensal de exemplares vendidos no Brasil não sofreu grandes alterações durante o ano inteiro. O utilitário manteve uma média de pouco menos de 100 unidades mensais, com alguns altos e baixos.

A irregularidade pode ser explicada pelo alto preço. Afinal, não é todo mês que uma centena de endinheirados decide desembolsar R$ 421 mil por um carro. Mesmo que os atributos possam indicar a sofisticação do modelo. Como, por exemplo, a nova transmissão ZF de oito velocidades e a suspensão com amortecedores magnéticos, que mudam a sua rigidez dependendo da situação, dois itens que ajudam a explicar o excesso de números grafado na etiqueta de preços.

Mas a melhor razão para o valor está no conforto oferecido, como a tradição do Range Rover assegura. E isso o carro tem em abundância. Além do trivial para um carro deste porte, estão itens como sistema de som feito pela Harman Kardon com 14 alto-falantes e 1200 W, visor touchscreen com TV/DVD/Bluetooth e tela de 12 polegadas substituindo o painel de instrumentos. A Land Rover optou por deixar de fora da versão TDV8 a tela central do tipo dual view – em que motorista e passageiro conseguem ver coisas diferentes na mesma tela – e as câmaras 360º que projetam imagens das extremidades do veículo no visor central. A alegação é que o motor a diesel já é muito caro e a adição desses equipamentos poderia encarecer ainda mais o preço da versão – são itens de série no Vogue a gasolina, que custa "módicos" R$ 416 mil. Nada, no entanto, que tire o valor da tradição e da modernidade tecnológica que o Range Rover exibe com tanta qualidade.


Ponto a ponto

Desempenho – É absolutamente impressionante a maneira como o motor TDV8 move as 2,5 toneladas do SUV. O absurdo torque de 71,4 kgfm fica disponível entre 1.500 e 3 mil giros e dá uma agilidade impensável ao jipão. A transmissão de oito marchas trabalha com muita sintonia com o propulsor, fazendo trocas precisas e sem deixar nenhum buraco. O zero a 100 km/h em apenas 7,8 segundos é suficiente para deixar muito carro com metade do seu tamanho e peso para trás. Nota 9.

Estabilidade – A estrutura do Range Rover já o transforma em um carro completamente neutro em curvas. E, para ajudar a manter a postura, lá está a suspensão adaptativa que garante uma dinâmica ainda mais correta. Obviamente, as suas dimensões e peso fazem que o modelo tenda a sair de frente nas curvas, mas os controles de tração e estabIlidade logo são acionados em caso de excessos, o que ajuda a manter a ótima sensação de segurança na condução. Nota 9.

Interatividade – Equipamentos não faltam para serem acionados no interior do Range Rover. E, mesmo com tanta coisa, fazer todos eles funcionarem da forma que o motorista quer não é uma tarefa exatamente simples. O volante, com os comandos do cruise control, do Bluetooth para o celular, rádio e computador de bordo, tem funcionamento intuitivo. Mas a tela central, que abriga o GPS e até a TV, obriga o condutor a ter um pouco de treino para dominar o seu funcionamento. Todos os bancos têm ajustes elétricos. O botão que faz as vezes de alavanca de câmbio é bem interessante. Nota 10.

Consumo – Não há informações de teste de consumo do Inmetro para o Range Rover. Entretanto, o consumo declarado pelo computador de bordo foi na faixa dos 10 km/l de diesel. Bom para um propulsor de 313 cv que carrega mais de duas toneladas e meia nas costas. Nota 7.

Conforto – É um dos destaques do carro. Os bancos, revestidos com couro de excelente qualidade, abraçam os ocupantes. O espaço interno é imenso. Cinco pessoas podem se esparramar em seu interior. Ainda há a suspensão adaptável que faz qualquer buraco parecer uma ranhura no asfalto. O isolamento acústico é dos melhores e quase não permite que o típico "ronronar" dos motores a diesel entre na cabine. Nota 9.

Tecnologia – A interminável lista de equipamentos de conforto, o ótimo motor V8 e a os itens de segurança e de auxílio ao off-road fazem do Range Rover um poço de tecnologia. No seu interior há GPS, TV – inclusive para quem vai atrás –, ar-condicionado de quatro zonas, bancos elétricos, tela de LCD no lugar do painel de instrumentos, entre outros. Ainda são seis airbags, controle de estabilidade, suspensão adaptativa, Terrain Response, assistente para aclives e declives. Nota 10.

Habitabilidade – O Range Rover é um jipe dos grandes, portanto, a suaentrada não é das mais fáceis devido à altura. Mesmo assim, as portas grandes facilitam a entrada. No interior, o modelo oferece boa quantidade de porta-objetos que permitem espalhar diversos itens pelo carro. Atrás, ainda há um descanso central para os braços. O porta-malas de 994 litros é imenso. Nota 9.

Acabamento – O acabamento do Range Rover Vogue impressiona. A escolha de materiais beira a perfeição e todas as peças são muito bem encaixadas. Para todo lugar que se olha existe couro de ótima qualidade e acabamento "black piano". O modelo ainda conquista pelo estilo um tanto retrô no interior. Nota 10.

Design – A escolha por manter o desenho característico do primeiro Range Rover é óbvia. Um carro com mais de 40 anos não poderia perder a sua identidade. E com um design tipicamente inglês, sem tanta ousadia embora com elegância, o Range Rover Vogue é um modelo muito equilibrado e que consegue atrair olhares por onde passa. Nota 8.

Custo/benefício – Ele custa R$ 421 mil e isso é muito para qualquer padrão. Pode-se tentar argumentar que é um carro que supera qualquer tipo de obstáculo e ainda oferece uma grande dose de conforto, mas mesmo assim é um preço elevado. Frente à versão a gasolina, a configuração é R$ 5 mil mais cara, mas tem um motor mais econômico. No Brasil, os SUVs rivais que chegam nessa faixa de preço apontam para uma vertente mais esportiva, como o BMW X5 M e o Porsche Cayenne Turbo. O concorrente mais direto é o Mercedes-Benz G55 AMG, vendido por R$ 450 mil, e que não tem a mesma arsenal tecnológico que o SUV inglês dispõe. Nota 4.

Total – O Land Rover Range Rover TDV8 somou 85 pontos em 100 possíveis.


Impressões ao dirigir

Lorde versátil

Juntar tecnologia e tradição em um mesmo carro é para poucos. A Land Rover sabe fazer isso com muita competência. A linha 2011 do Range Rover Vogue é um exemplo. Do lado de fora continua a "casca" que marcou os últimos 41 anos do modelo. Com linhas retas que transmitem robustez, requinte e sofisticação. E a parte "antiga" para por aí. O utilitário é apinhado de equipamentos que evidenciam a sua modernidade.

E o principal deles fica sob o capô. O propulsor V8 diesel é dos melhores que existem. São 313 cv de potência a 4 mil rpm e monstruosos 71,4 kgfm de torque disponível entre 1.500 e 3 mil giros. A força é tamanha que consegue fazer do SUV um inglês bastante ágil no trânsito urbano. Basta uma pisada mais funda no acelerador para que as marchas sejam reduzidas – pulando algumas, se for necessário – e que os corpos dos ocupantes sejam progressivamente comprimidos contra os confortáveis bancos de couro. É incrível e inesperada a maneira com que o jipão ganha velocidade. O zero a 100 km/h é feito em 7,8 segundos e velocidades próximas à máxima – de 210 km/h – são alcançadas sem grandes dificuldades.

E, quando se chega lá, o Range Rover mostra um comportamento exemplar. É absolutamente preciso em retas e também muito competente nas curvas. Consequência da suspensão com triângulos duplos na traseira e dos amortecedores adaptativos nas quatro rodas. O rodar do utilitário é suave. Os amortecedores se adaptam à necessidade e ficam mais ou menos rígidos conforme a necessidade. Com isso, as imperfeições do piso são bem neutralizadas e o conforto interno é aumentado. O lado negativo de dirigir o Range Rover está apenas no seu tamanho. Com exagerados 2,2 metros de largura e quase 5 m de comprimento, o SUV fica um tanto quanto espremido na cidade grande. O detector de ponto cego instalado nos retrovisores ajudam bastante na tarefa de circular no trânsito urbano.

Quando se pula para um lugar menos "civilizado", a Land Rover mostra que não se esqueceu como se faz um fora-de-estrada. O topo de linha da marca supera com absoluta facilidade a maioria dos obstáculos que a natureza impõe. E nem é preciso muita habilidade para se transformar em "jipeiro". Basta acionar a reduzida através de um botão, escolher no Terrain Response o tipo de piso que está sendo enfrentado e ir com calma. A tela de LCD que fica no lugar do painel de instrumentos mostra a posição das rodas e mostra quando uma delas está fora do chão ou sem tração. Nesse caso, nada de desespero. A eletrônica faz o seu trabalho, pinça o freio da roda em questão e redistribui a força para as outras para que o Range Rover saia do buraco.

Enquanto os sistemas fazem o seu trabalho pesado, há tempo para reparar no interior. E aí, é um show à parte. Há couro e black piano para todo lado que se olha. Em qualquer lugar que se passe a mão, sente-se esmero na construção e no acabamento. E ainda existem itens tecnológicos de última geração para dar uma pitada a mais de exclusividade. Na frente, está a tela multimídia sensível ao toque que reproduz TV e DVD. Quem fica no banco de trás ganha, além de um grande espaço, duas telas atrás dos bancos dianteiros com um controle com visor touchscreen. No final, até dá para entender porque alguém daria R$ 421 mil em um carro que faz tudo com uma competência impressionante.


Ficha técnica

Land Rover Range Rover Vogue TDV8

Motor: Diesel, dianteiro, longitudinal, 4.367 cm³, oito cilindros em V, duplo comando no cabeçote e quatro válvulas por cilindro, com dois turbocompressores sequenciais em paralelo. Injeção Common Rail.

Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré, com acionamento manual através de alavancas atrás do volante. Tração permanente nas quatro rodas. Oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 313 cv a 4 mil rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,8 segundos.
Velocidade máxima: 210 km/h.
Torque máximo: 71,3 kgfm entre 1.500 e 3 mil rpm
Diâmetro e curso: 84 mm X 98,5 mm. Taxa de compressão: 16,1:1.
Suspensão: Pneumática de altura variável. Dianteira independente do tipo McPherson com amortecedores hidráulicos. Traseira pneumática com triângulos duplos e amortecedores hidráulicos. Oferece controles eletrônicos de altura e de estabilidade.
Pneus: 255/60 R19 em rodas de liga leve.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás com seis pistões. Assistidos por ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.

Carroceria: Utilitário esportivo sobre longarinas com quarto portas e cinco lugares. Com 4,97 metros de comprimento, 2,21 m de largura, 1,86 m de altura e 2,88 m de distância entre-eixos. Tem airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 2.810 kg.
Capacidade do porta-malas: 994 litros.
Tanque de combustível: 97 litros.
Produção: Solihull, Inglaterra.
Lançamento da atual geração: 2002.

Itens de série: Ar-condicionado de quatro zonas, direção assistida, trio elétrico, bancos com ajuste elétrico, memória e aquecimento, cruise control, tela de 12 polegadas no lugar do painel de instrumentos, sensor de luminosidade e de chuva, sistema de auxílio de funcionamento off-road, sistema de som Harman Kardon com 14 alto-falantes, tela central sensível ao toque, GPS, monitoramento de ponto cego, airbags frontais, laterais e de cortina, faróis de xenon, rádio/CD/DVD/MP3/USB/iPod/Bluetooth, câmara de ré, duas telas adicionais atrás dos bancos dianteiros, ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.

Preço: R$ 421 mil.

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